domingo, 24 de fevereiro de 2013

O IMPERATIVO DO CHAMADO PARA O MINISTÉRIO PASTORAL




“Redescobrindo o Ministério Pastoral”
            1 Timóteo 1. 12-14; 2 Timóteo 1.9-12

•    A chamada para o ministério da Palavra duas características fundamentais:  a) A determinação de Deus (soberania) somente por sua graça; b) A incapacidade do homem em exercer a missão, o ministério (2 Co 3.5). Erwin Lutzer define chamado como “uma convicção interior, dada pelo Espírito Santo e confirmada pela Palavra de Deus e pelo Corpo de Cristo”. 
•    O chamado de Deus é externo. Ele depende da resposta do homem. Indubitavelmente, Deus atua através de pessoas. Deus elege homens para serem Seus embaixadores. O chamado é fora do homem e proveniente de Deus.
•    O chamado de Deus é também interno. Deus não atua sem propósito. Ele elege pessoas que têm capacidade potencial para relacionar-se positivamente com as gentes, de falar com convicção e autoridade, de motivar e fervilhar os ouvintes, de comunicar efetivamente, de tomar decisões produtivas e de planejar e sonhar com o povo.
     (El Secreto del Exito Pastoral – Brooks R. Foulkner).
•    Apreciei muitíssimo o que George MacDonald declarou: “Os verdadeiros líderes são pessoas movidas no caminho de Deus, no tempo de Deus, para  o lugar de Deus; não porque tenham imaginado isto, mas porque foram arrastados para isto” (citado por Leighton Ford).
•    O nosso chamado, portanto, não é uma escolha pessoal, uma profissão religiosa, mas uma chamada irresistível para servir ao Senhor em Seu nome e para a Sua glória. Gosto muito do pensamento: “Deus não chamou homens extraordinários para um trabalho comum, mas homens comuns para um trabalho extraordinário”.
•    Paulo testemunha para Timóteo e para nós algumas palavras essenciais da vocação ministerial: Gratidão, fortalecimento, fidelidade, misericórdia, graça, fé, transbordamento; santidade.
•    Charles Spurgeon, considerado o príncipe dos pregadores, ponderou  algumas coisas muitos pertinentes: “Homens que ousam declarar-se embaixadores de Cristo precisam compreender mais profundamente que o Senhor lhes ‘entregou’ a palavra da reconciliação (2 Co 5.18,19)...Preferiria que vivêssemos em duvida e nos examinássemos muitíssimas vezes, do que tornarmos empecilhos no ministério... Ser pastor sem vocação é como ser membro professo e batizado sem conversão...
•    ‘Não entre no ministério se puder passar sem ele’, foi o conselho profundamente sábio de um teólogo a alguém que procurou a sua opinião’ ....se não amar a sua vocação, logo sucumbirá  ou desistirá da luta, ou prosseguirá descontente, sob o peso cego de uma monotonia tão fastidiosa como a de um  cavalo cego girando um moinho. .. Cingidos desse amor, vocês serão intrépidos; despidos desse cinto mais que magico da vocação irresistível, consumir-se-ão  na desventura...Leia cuidadosamente  as qualificações do bispo, registradas em 1 Timóteo 3.2-7 e Tito 1.6-9. Se esses dons e graças não estiverem em vocês, e com abundancia, é possível que tenham bom êxito como evangelistas, mas como pastores não terão nenhum valor”.
•    Moisés e Jeremias se sentiram totalmente incapazes para a missão de liderarem o povo de Deus. As expressões de Moisés: “quem sou eu para ir a Faraó...?” (Ex 3.11); “Ah, Senhor! Eu nunca fui um bom orador, nem antes, nem agora, que falaste ao teu servo, pois sou pesado de língua...Ah, Senhor! Peço-te que envies outro que queiras enviar” (Ex 4.10,13); e de  Jeremias : “Ah, Senhor Deus! Eu não sei falar, pois sou apenas um menino” (1.6), revelam a nossa incapacidade para o exercício do ministério.
•    John J. Jowett, falando aos alunos de Yale, sobre “A Vocação do pregador”, disse: “Já trabalhei no ministério cristão mais de vinte anos. Amo a minha vocação. Gozo ardente deleite nos seus serviços... Uma só é a minha paixão e por ela tenho vivido: A obra absorventemente árdua , gloriosa embora, de proclamar a graça e o amor de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo... O chamado do Eterno tem que ressoar através das recamaras da sua alma de modo tão claro como o som dos sinos matinais ressoa pelos vales da Suiça, convocando os compônios para a oração e louvor...A singularidade das nossas circunstancias e a espantosa singularidade de nossas almas fornecem o meio pelo qual ouvimos a voz do Senhor...A certeza de ser enviado é o elemento vital da nossa comissão. Mas ouçamos de novo a Palavra de Deus: ‘ Não mandei profetas, e todavia eles foram correndo; não falei a eles e, todavia,  profetizaram’.
•    A ausência do senso de vocação tirará a responsabilidade da pessoa e tenderá a secularizar completamente o seu ministério... Se perdermos o senso da transcendência da nossa comissão, nós nos tornaremos semelhantes a comerciantes comuns, num mercado comum, parolando acerca de mercadoria comum...Deveremos descobrir que todos os grandes pregadores preservaram este admirável senso da grandeza da sua vocação...
•    Devemos , dizer com todo o coração: ‘Correrei pelo caminho dos teus mandamentos, QUANDO DILATARES O MEU CORAÇÃO’. .. Somos chamados para guias e guardiães das almas humanas, conduzindo-as no ‘caminho da paz’... Temos que ser amigos do Noivo, ganhando almas, não para nós mesmos, mas para Ele, preparando as bodas para o Senhor, grandemente satisfeitos quando promovemos o encontro da noiva com o Noivo... Ouçam estas palavras de Charles Kingsley, escritas no seu diário particular, lavradas no alvor do dia em que havia de ser ordenado ao ministério do Senhor.
•    ‘Durante algumas horas, toda a minha alma estará aguardando em silencio os selos da admissão ao serviço de Deus, honra de que a muito custo ouso considerar-me digno.. Há meses, dia e noite, minha oração tem sido – Oh Deus, se não sou digno, se o meu pecado em levar almas para longe de Ti ainda está sem perdão, se o meu desejo de ser ministro não é exclusivamente com o propósito de servir-Te, se é mister me seja mostrada a minha fraqueza e a santidade do Teu oficio com maior força ainda, oh Deus, rejeita-me!’
•    John Newton (ex-mercador de escravos), declarou: ‘ninguém, a não ser aquele que fez o mundo, pode fazer um ministro do evangelho’. Richard Glover assevera que ‘ninguém se torna ministro cristão se não foi ordenado pela imposição de mãos invisíveis’ (citado por GF Paranaguá).
•    Paranaguá, no seu livro: Pegadas de Lobo na Porteira: Picareta, Psicopata ou Pastor? Declara: ‘O homem de Deus, talhado para essa função,  foi tratado por Cristo na cruz convocado pelo Pai celestial para uma missão divina na terra e capacitado pelo Espírito Santo para a nobre pasta, que tem como principal objetivo apascentar o rebanho do Senhor.
•    Ele não é um mero homem que dependa de acordos e conchavos ajustados, nos comandos das lideranças clericais, nem um simples contratado pelos sistemas políticos das religiões vigentes nesse mundo dos arranjos’. Todo aquele que foi convocado por Deus, para o ministério de pastorear o Seu rebanho, sabe muito bem que essa missão não é bem vista pelo mundo, muito menos pelos sistemas que não focalizam a singularidade de Cristo. (Desde o inicio do cristianismo, os pastores do rebanho do Senhor foram pastados pelas feras nas arenas).’
•    Dr. Shedd, citando uma pesquisa do Fuller, relata as conclusões do trabalho daquela escola: “Os líderes eficientes ‘mantém uma postura de aluno durante a vida inteira. Nunca param de estudar; lêem livros que aumentam o seu conhecimento e ampliam seus horizontes. Assistem cursos para crescer e melhorar suas aptidões ministeriais... Eles têm uma perspectiva vitalícia de ministério. Pretendem continuar a ministrar enquanto puderem. Amam o que fazem e nunca escolheriam parar de ministrar. Encaram o ministério como um privilégio”...
•    “Foi dito que John Wesley pregou cerca de 40.000 vezes. Ele andou a cavalo por volta de 400.000 quilômetros. Não é de nos surpreender que ele foi sozinho o homem que mais influenciou a Inglaterra em sua geração. Ele tinha persistência. Trabalhou incansavelmente para conquistar homens e mulheres para Cristo. Inspirou seguidores que tornariam o metodismo uma força poderosa para Deus que permanece até hoje. Deus o usou de forma poderosa porque ele não desistiu”.
•    O imperativo de nossa chamada nos leva a um compromisso com o Senhor em nossa identidade pastoral. Nós estamos vivendo uma crise de identidade diacônica. Há muitos elementos perdidos no ministério. Estão sem norte, sem direção. Culbertson e Shippee, citados por Richard Mayhue, declaram:
•    “A teologia pastoral é, em sua maior parte, um campo sem definições claras: seu significado exato e seus componentes parecem variar amplamente de uma denominação para outra e de um seminário para outro. O ‘como’ do cuidado pastoral e os elementos que compõem o processo de formação do caráter do clérigo parecem igualmente nebulosos. Em todos os três campos, contudo, o material que os constitui parece ser ensinado a partir de uma base estritamente bíblica; ou de uma base moderna, constituída por teorias modernas da psicologia e da sociologia  conforme têm sido apropriadas pela igreja; ou de uma combinação de Escritura e conceitos científicos modernos – mas raramente o ensino da formação pastoral faz referência direta à história  e à tradição fascinantes da Igreja Primitiva”.
•    Thomas Oden faz uma análise do dilema na década de 1980. Ele lamenta que todo o século XX evidencie uma confusão em torno do papel da igreja e do pastor. Oden conclama veementemente a um retorno às Escrituras, a fim de que se compreenda o oficio e o papel do pastor:
•    “As Escrituras fornecem a base principal para a compreensão do oficio pastoral e suas funções. Tratemos as Escrituras como o livro da igreja, não como a arena exclusiva do historiador ou do teólogo social. A sabedoria pastoral vem sobrevivendo dos textos-chaves clássicos, que têm desfrutado  uma rica história de interpretação muito antes do advento da pesquisa histórica moderna. Somos livres para usar essas pesquisas e aprender com elas, sem sermos podados por algumas de suas pressuposições reducionistas.
•    A teologia pastoral sobrevive das Escrituras. Quando a tradição pastoral citava as Escrituras, elas eram vistas como um texto autorizado para moldar tanto a compreensão como a pratica ministerial. Não submetemos as Escrituras ao nosso exame, de acordo com critérios alheios a elas, a fim de compreendermos o ministério. Antes, as Escrituras examinam nossas concepções básicas do ministério. Elas as colocam em prova”.

Dentro do espectro da vocação ministerial, é relevante considerar, de acordo com as epístolas de 1 e 2 Tessalonicenses (os livros mais explícitos sobre a obra do ministério), as responsabilidades básicas do pastor, que são:
•    Orar – 1 Ts 1.2,3; 3.9-13
•    Evangelizar – 1 Ts 1.4,5,9,10
•    Capacitar – 1 Ts 1.6-8
•    Defender – 1 Ts 2.1-6
•    Amar – 1 Ts 2.7,8
•    Labutar – 1 Ts 2.9
•    Exemplificar – 1 Ts 2.10
•    Liderar – 1 Ts 2.10-12
•    Alimentar – 1 Ts 2.13
•    Vigiar – 1 Ts 3.1-8
•    Alertar – 1 Ts 4.1-8
•    Ensinar – 1 Ts 4.9-5.11
•    Exortar – 1 Ts 5.12-24
•    Encorajar – 2 Ts 1.3-12
•    Corrigir – 2 Ts 2.1-12
•    Confrontar – 2 Ts 3.6,14
•    Resgatar – 2 Ts 3.15

Em penúltimo lugar, o que Richard Mayhue revela como preocupação.
•    “Um segmento significativo de igrejas e literaturas evangélicas parece estar distanciando-se das prioridades bíblicas. Desequilíbrios não-bíblicos entre os evangélicos contemporâneos manifestam-se no aumento das tendências para:
•    13.1. Supervalorização do raciocínio humano e uma correspondente subestimação da revelação de Deus nas Escrituras.
•    13.2. Supervalorização das necessidades humanas definidas pelo homem – e uma correspondente subestimação dessas necessidades definidas por Deus.
•    13.3. Supervalorização da vida terrena e uma correspondente subestimação da relevância espiritual.
•    13.4. Supervalorização  do aspecto temporal da vida e uma correspondente subestimação do aspecto eterno.
•    13.5. Supervalorização da cultura contemporânea e uma correspondente subestimação da Bíblia.

J. Oswald Sanders, citado por Erwin Lutzer (De Pastor para Pastor, Editora Vida), estava certo ao dizer: “A natureza sobrenatural da igreja exige uma liderança que se erga acima do que é humano... A maior necessidade da igreja, para que ela cumpra suas obrigações para com a presente geração, é uma liderança espiritual, sacrificial, plena de autoridade vinda do alto”.
•    Cotton Mather escreveu: “O ministério é a mais elevada dignidade que a natureza humana é capaz de atingir aqui, neste vale terreno. Ter uma alma iluminada, que se torne um espelho, ou um canal, ou um transmissor da verdade de Deus aos outros é nosso privilégio”.
•    Thomas Scott disse: “Se eu tivesse mil vidas, gastaria espontaneamente todas elas (no ministério); e, se eu tivesse muitos filhos, eu os dedicaria alegremente ao ministério”. (Referências de “Vencendo o Mundo” – Joel Beeke).

–    Um escritor anônimo (citado por Richard Mayhue) discorre sobre a mordomia pastoral:
•    “Apegue-se ao trabalho. Não recue porque o leão ruge; não pare de jogar pedras nos cachorros do diabo; não perca tempo caçando coelhos deste.
•    Faça seu trabalho. Deixe os mentiroso e suas mentiras, deixe os sectários discutirem, deixe os críticos maldizerem, deixe os inimigos acusarem, deixe o diabo fazer o pior; mas cuide para que nada o impeça de cumprir com alegria o trabalho que Deus lhe incumbiu.
Ele não o mandou para ser admirado ou estimado, e nunca ordenou que defendesse seu caráter. Ele não o posicionou para contradizer as falsidades (acerca de você mesmo) que os servos de Satanás ou de Deus talvez comecem a espalhar, nem para investigar cada rumor que ameace sua reputação. Se você agir assim, não obterá resultados satisfatórios; estará trabalhando para si mesmo, não para o Senhor.
•    Mantenha-se no trabalho do Mestre. Que seu alvo seja fixo como uma estrela. Você pode ser assaltado, injuriado, insultado, caluniado, ferido e rejeitado, incompreendido ou acusado por motivações impuras; bem como afrontado pelos inimigos, traído pelos amigos, desprezado e rejeitado pelos homens. Mas tenha determinação e zelo inabalável, a fim de perseguir o grande propósito e objetivo de sua existência, até que finalmente possa dizer: Completei o trabalho que me deste
Paulo testemunhou a Timóteo, jovem pastor, os seus axiomas e expectativas: “Combati o bom combate, terminei a carreira, guardei a fé. Desde agora a coroa da justiça me está reservada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia, e não somente a mim, mas a todos os que amarem a Sua vinda” (2 Tm 4.7,8). Ele mesmo diz aos romanos: “Tenho para mim ou considero que os sofrimentos do presente não se podem comparar com a glória que será revelada em nós” (Rm 8.18).

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